Page 15 - Boletim numero 256 da APE
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 sala cheia”. Sem qualquer outra hipótese, apesar de na altu- ra ter as suas dúvidas se iria funcionar, seguiu o conselho do genro e para sua surpresa no ensaio seguinte, tinha a casa cheia. Confessa que isso o deixou muito entusiasmado, não sabia como, nem porquê, mas funcionou e ele não iria fazer perguntas.
Tinham pouco mais de 15 dias para ensaiar para o próxi- mo encontro de coros, não foi perfeito, o tempo era pouco, mas diz-nos que conseguiram “salvar a honra do convento”.
A partir dessa altura, resolveu então começar a trabalhar o coro, alterou o estilo de ensino e também o reportório e para isso muito contou também o pedido dos seus alunos para não cantarem “O Malhão do Norte” e outras músicas populares (reportório que era utilizado por alguns dos pro- fessores que por lá passaram depois do Professor Miranda).
Ao fim de dois ou três anos, entre 1998/1999 o coro não parecia o mesmo, consolidou-se o estilo e recuperou-se o orgulho, e o grupo Coral e Instrumental do IPE, aproximava- -se novamente dos tempos áureos de Ex-Libris da casa. O Grupo Instrumental era claramente um destaque no coro do IPE e para isso também contribuiu muito do seu trabalho, na altura chegava a dar aulas extra individualizadas ao grupo instrumental, já fora de horas. Os reportórios passaram a ser músicas modernas escolhidas por ele e com a concor- dância dos alunos e havia uma clara motivação por parte de todos.
Todos os anos havia sempre uma novidade o que os es- timulava, e havia também os famosos encontros de coros dos 3 EME, apesar de não serem uma competição, eram en- carados assim pelos alunos, que esticavam tanto o peito com o orgulho que sentiam, que existia o risco de os botões da farda rebentarem. Confessa que internamente chegou a puxar por esta “competição”, para os motivar e incentivar a fazer melhor. Mas, era apenas isso porque sempre teve mui- to respeito pelos coros e trabalho desenvolvido quer no Ins- tituto de Odivelas, quer no Colégio Militar.
Ainda nos primeiros anos, quando tentava entender o que era aquilo de ser “Pilão”, e até porque na altura no mer- cado de trabalho ser “Pilão” era um bom cartão de visita para ingressar nos quadros de uma Empresa, perguntou um dia ao genro, afinal qual era a diferença entre um “Pilão” bem formado academicamente e um aluno de uma qual- quer outra escola/faculdade também com o mesmo nível de formação. O que é que os distinguia afinal???!!! O genro contou-lhe então uma história, numa certa empresa, em que já trabalhava um Pilão e estando em fase de recruta- mento, o dono da Empresa deparou-se com essa situação, e então perguntou ao seu colaborador “Pilão” por que razão haveria de recrutar o Pilão e não o outro candidato, afinal o que é que o diferenciava? O seu colaborador “Pilão” respon- deu-lhe: “Olhe, imagine que colocava estas duas pessoas sozinhas numa ilha, sem qualquer meio de sobrevivência. O que não é Pilão não irá sobreviver, o que era uma forte pro- babilidade para ambos, mas o Pilão???!!!! ...Ahhh esse irá sobreviver e ainda lhe arranja mais um negócio.”
Diz-nos que esta analogia lhe ficou na cabeça para sem- pre, e apesar de saber que era apenas uma história, com o
tempo e à medida que foi conhecendo o IPE, acreditou con- victamente que poderia ser real.
Em 2001, entra-se no período negro do IPE, o número de alunos começa a diminuir, são fechadas as inscrições para novos alunos e toda a comunidade Pilónica começa a res- sentir-se da situação, o coro não é exceção, saem alunos, mas não existem novos para entrarem.
É também nesta altura que toda a comunidade Pilónica, alunos, pais, professores, militares, antigos alunos, apesar de desanimados, começam a mobilizarem-se para enfrenta- rem a situação.
E no campo musical coube-lhe a ele, fazer alguma coisa, sabia que teria de galvanizar o espírito Pilónico através da música, ainda não sabia era como.
Nesse mesmo ano prepararam-se muito bem (e já com um objetivo em mente), vão cantar as Janeiras ao Sr. Presi- dente da República, na altura o Dr. Jorge Sampaio, que por ter formação musical, apreciou muito o coro do IPE, tendo os alunos tido a oportunidade de falarem e confraterniza- rem com o Presidente.
No entanto a sua missão não era só essa, algo mais tinha que ser feito e mais uma vez se socorreu do genro, pergun- tou-lhe de que forma com uma música, ele poderia mobili- zar a comunidade Pilónica (??), o genro disse-lhe que se pu- sesse na letra “uma jacarezada”, ou se puxasse pela mística pilónica, isso seria suficiente. Reconhecendo que o genro tinha razão e depois de muito pensar e já com uma ideia, apresenta-a ao genro e mais tarde aos seus colegas no IPE. Todos concordaram que tinha tudo para funcionar e cum- prir o papel, e a missão a que se propunha.
O arranjo musical do grupo ERA (Hymne) foi a música es- colhida, faltava a letra que teria de ser tão poderosa e forte como a música. Assim, juntamente com uma das professoras do IPE, a professora Marília Gama, trabalharam na mesma, e escreveram a que seria a letra do “Pilão Nossa Casa”.
CARAS DO PILÃO
  Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • janeiro a março | 13



















































































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