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EVOCAÇõES
TeMPo de MeMórIa
Fernando Cristo | 19550373
Nem todos os finalistas participaram nessa viagem. Nesse ano, não
tivemos livro nem baile de finalistas.
A minha geração pilónica foi um pouco rebelde, “refilava” quando
sentia ter razão, era participativa mas não acomodada. Ainda hoje estou
convicto que os “mandantes e comandantes” à época no Pilão, não
entraram em “pranto”, quando nos viram pelas costas…
Em dia de inicio de Verão lá fomos em autocarro, um topo de gama,
hoje um verdadeiro trambolho histórico.
Gostei daquelas gentes do norte, curiosos, afetivos e que nos tra-
taram com estima O simbolismo das cidades visitadas, como Braga,
Coimbra, sentir as nossas origens, as nossas raízes.
Jovens à época, temos tantos projetos para a vida, que não damos
atenção aos projetos que a vida tem para nós.
Voltar a Guimarães talvez fosse um projeto, só se concretizou em
onstam as crónicas de antanho, que na origem do castelo de 2012. Aproveitando ser esta cidade capital da cultura, novamente ao
CGuimarães, está a vontade da condessa Mumadona Dias (séc. X), início do Verão, rumei a norte.
a defesa daquelas terras e da comunidade cristã, contra constantes Cinco décadas depois, vi uma cidade moderna com muita vida
ataques por parte de mouros e normandos. atividade económica, sempre hospitaleira e claro, considerando e
Consta também, que ali nasceu Afonso Henriques e que este, sem evento cultural, em festa.
intervenção de sua mãe, confirma sozinho o foral de Guimarães. Visitei pois, uma capital europeia, que não negando as suas origens,
mostrou não ser só um espaço de memória histórica.
Para quem já colecionou muitas memórias e ainda tem o dobro dos
sonhos, é triste pensar e ver, que próximas gerações de futuro inserto
e convidados à ausência, podem perder o que não conseguem substituir,
as raízes dos seus avós, dos seus pais, deles próprios.
Hoje, outras histórias, o mesmo “ dito por não dito”. Infantes que
nos regem, “heróis na luta de colar cartazes”, prestam vassalagem a
muitos reinos, como prestáveis e zelosos carregadores de pianos, joe-
lho dobrado e mão estendida.
Embora sejamos ainda uma Nação, temo que se tenha perdido a
soberania.
Não há Egas Moniz que aguente!!
Com auxílio de nobres e gentes locais, o Infante D. Afonso afirmou
a independência portuguesa, recusando vassalagem a outros reis, a
outros reinos.
Consta ainda que nestes episódios da nossa fundação, foi dada
lição de honra, a própria vida pela palavra não cumprida, a da promes-
sa que o Infante quebrara. Episódio que ficou mitificado na figura de
Egas Moniz.
Muitas histórias se podem contar sobre este nosso País. Séculos
de existência, memórias que não se apagam no tempo, que me ensina-
ram na escola, em redor de uma mesa inclinada, rectangular e tosca.
Guimarães, cidade berço!
Cinquenta e um anos passados, lembro a viagem de finalistas do
IPE, ano de 1961/1962.
Os tempos eram difíceis, os dinheiros não abundavam para outro
tipo de viagem. Fomos pioneiros do “vá para fora cá dentro”.
BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO 43