Page 42 - Boletim numero 261 da APE
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OS NOSSOS PROFISSIONAIS
Maquinista Naval,
mais que uma profissão!
BOLETIM APE | ABR/JUN 2021
   Desafiado a escrever para o boletim, resolvi trazer-vos um pouco da minha profissão e especialidade naval. O intuito é aproximar a minha profissão de todos vós
e quem sabe, cativar alguns mais novos indecisos para esta classe, para mim tão nobre.
Antes disso, importa referir que entrei em Fevereiro de 2010 para a Marinha Portuguesa, assentando praça adminis- trativo e jurando bandeira em princípios de Abril.
Desde cedo, a minha intenção foi concorrer ao denomina- do Curso de Formação de Sargentos de Alistamento (CFA), que engloba as classes de Eletrotécnicos e de Maquinistas Navais. Este curso tinha então a particularidade de aceitar mi- litares, do ramo, de todas as especialidades, tendo como um dos requisitos o 11o ano de escolaridade com as disciplinas de matemática e físico-química englobadas na formação escolar.
Confesso que inicialmente o meu interesse recaía sob os Electrotécnicos, por se dizer que era um trabalho mais limpo, com “melhor vida” a bordo e sem (ou com poucos) subordi- nados. Mas não quis o destino, ou as linhas que traçam os acontecimentos aleatórios deste nosso percurso, que assim acontecesse e depois de dois concursos que me “saíram ao lado”, lá entrei à terceira, aquela que dizem ser de vez, em Setembro de 2016 para o curso de Maquinistas Navais.
O curso, com duração de 3 anos, engloba uma grande parte (no 1o ano) geral, onde temos aulas de matemática, português, organização geral de marinha, marinharia, entre outros módulos da arte marinheira e sua organização.
Posteriormente, nos 2o e 3o anos, iniciam-se as aulas de desenho técnico, instalações de frio, física, termodinâmica, arquitectura naval, máquinas e ferramentas, motores e turbi- nas, motores fora de bordo e artes oficinais, como tornos, serralharia, caldeiraria e soldadura.
Durante o percurso académico apaixonei-me e a ideia passada de uma carreira como electrotécnico diluiu-se no óleo e nas engrenagens dos motores que aprendemos a re- parar e a manter.
Concluí juntamente com mais 5 camaradas, o curso em 2019 com a apresentação de uma Prova de Aptidão Profissio- nal (PAP) que muito gosto nos deu a elaborar.
A nossa proposta, que se concretizou, propunha opera- cionalizar uma embarcação, outrora pertencente aos navios da classe “Vasco da Gama”, denominada “Embarcação do comandante” que se encontrava em elevado estado de de- gradação, mas com uma boa estrutura e com um motor e caixa de engrenagens passíveis de reparação.
Foram muitas as horas de dedicação a este trabalho e muito esforço nosso e das nossas famílias, mas lá concluímos com sucesso a operacionalização da embarcação do coman- dante que haverá pertencido à fragata NRP “Álvares Cabral”.
Aproveito, para aqueles a quem possa ter aguçado a curiosidade e deixo o link do vídeo de apresentação deste nosso trabalho:
Figura 1 – Motor antes de reparação
Figura 2 – Motor em testes, após reparação
Após o curso e mais um ano em terra na Esquadrilha de Navios de Superfície (ENSUP), onde tive a oportunidade de trabalhar com mais dois Pilões, o Capitão-de-fragata EN-MEC Rodrigues Marques 242/79 e o Capitão-de-fragata EN-MEC Carmo Salvador 417/80, destaquei para a minha primeira co- missão como chefe de uma secção – Serviço de Limitação de Avarias, Secção de Apoio, numa fragata da nossa esquadra que, adivinhem qual (!?) NRP Álvares Cabral! Essa mesmo, aquela cuja embarcação me proporcionou tanta aprendiza- gem e conhecimento!
         https://www.youtube.com/watch?v=KUKaoye7BlE
Figura 3 – NRP Álvares Cabral
André Gil
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