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cRóNIcAs
A que horas se deve
estudar eficazmente?
DAVID SEQUERRA
19430333
pergunta que intitula mais este “Apontamento” foi- Quatro horas dorme o santo,
A nos sugerida por um agradável diálogo que manti- Cinco que não é tanto,
vemos, há algum tempo, com a Dra. Élia Gonçalves, uma Seis o caminhante,
“piloa” de convicta adopção, filha do “nosso” Coronel Sete o estudante,
Ferreira Gonçalves que ao longo de 16 anos (1955-1971) Oito o porco
viveu apaixonadamente uma série de problemas do Ins- E nove... o morto!
tituto, como seu Director.
Com o “Zé” Lencastre como condutor principal A recomendação para a “malta” era, pois, de 7 horas
da conversa com a Dra. Élia, falou-se das manhãs “piló- e no “Pilão” esse limite era um tudo ou nada ultrapassado.
nicas” de há uns largos 40 anos, bem lembrados pela Mas daí até à ideia força de uma sessão de uma hora
nossa interlocutora que vivia no “Pilão”, no andar supe- antes do “miraculoso” pequeno-almoço vai uma certa
rior ao piso do Refeitório. E as dúvidas surgiram: como distância conceptual.
eram as manhãs de há mais de 40 anos; entre a alvo- Admito que haja muitas opiniões divergentes da que
rada e o tão desejado pequeno-almoço o que acontecia; se adianta ao pressupor de anti-pedagógico esse expe-
o bem sonoro toque inicial era às 6 ou às 6 e meia da diente que o “Zé” Lencastre tão oportunamente relembrou.
matina??? E confesso que não tive tempo para reler as teses e con-
Estava encontrado o mote para mais um exercício de ceitos de notáveis mestres da Pedagogia, como Maria
memória, com a natural ressalva dos muitos anos que me Montessori, Henrique Pestalozzi, Kierkegaard ou Thomas
separam do “Zé” Lencastre. Arnold sobre eficácia dos estudos de madrugada e em
Sem sombra de dúvida o “Zé” relembrava que a alvo- jejum.
rada era às 6 e que havia um tempo de estudo das 6 e Mas o convite à reflexão fica feito a quantos nos lerem
meia às 7 e meia, seguindo-se das aulas de estudo para sob o signo da evocação de tempos “pilónicos”.
os “comes” da bucha e do café com leite. Termino esta “viagem” memorativa confessando-vos
No meu tempo não era assim, sem essa “etapa” dos a minha experiência pessoal quanto às horas mais pro-
estudos cumpridos até ao pequeno-almoço. pícias ao estudo: sempre preferi as madrugadas aos
E a questão tomou então um maior vulto: seria serões, recordando com muita saudade os tempos idos de
pedagógico e eficaz estudar em jejum às 6 e picos da boas sessões cumpridos por volta das tais 6 e meia da
manhã? alvorada, de cabeça fresca e com o estômago aconchega-
O “Zé” Lencastre confessou as suas calculáveis dificul- do ao estilo de q.b. – um copo de leite, uma côdea de
dades. E até custa a crer que um Homem com a lucidez pão ou uma simples bolacha. Em completo jejum é que
e verticalidade do “nosso” Director, daquele tempo san- não...
cionasse um tal horário... Sei bem que há quem prefira alongados serões, com
um bom número de cafés à mistura.
* Cada um é como cada qual – como costuma dizer-se.
Fica feita a pergunta que serviu de título a este ené-
ocava o silêncio pelas 10 e meia da noite. Nem todos simo APONTAMENTO: COM OBJECTIVOS DE EFI-
Trespeitavam essa “ordem sonora” mas, teoricamente, CÁCIA, A QUE HORAS SE DEVE ESTUDAR?
a desejada oferta de um repouso retemperador era da Em 1951, 1971, 2011, épocas “pilónicas distintas, as
ordem das 7 horas e meia. respostas não serão iguais. Mas resta o conceito base de
A propósito aproveito para dar público conhecimen- que continua a ser importante ESTUDAR e que 7 horas
to de uma espécie de adágio que me diziam, na minha de sono são recomendáveis como, de facto, acontecia no
casa “alfacinha” enquanto pré-adolescente, com respeito nosso Instituto.
às horas de sono. Assim:
Boletim da Associação dos Pupilos do Exército | 13